segunda-feira, 1 de abril de 2013

O VIGILANTE RODOVIÁRIO


                Em 1962 estreava na Rede Tupi de televisão o seriado O Vigilante Rodoviário, estrelado por Carlos Miranda, narrando as aventuras de um ínclito policial rodoviário buscando manter a lei e a ordem, sempre contando com a ajuda de seu espertíssimo cachorro chamado Lobo (um pastor alemão). O seriado alcançou tremendo sucesso de público, que chegou até mesmo a elevar a auto-estima e a respeitabilidade dos policiais rodoviários de verdade – uma estima que persiste até os dias de hoje (eu pelo menos, sempre que precisei da ajuda desses policiais sempre fui prontamente atendido, com toda consideração). E a simbiose do ator principal Carlos Miranda com o personagem foi uma daquelas marcantes numa relação deste tipo: usou seu próprio nome para interpretar o personagem e, após o término do seriado, prestou concurso na polícia rodoviária, passou e se tornou um Vigilante Rodoviário de verdade! Decisão corretíssima! Abandonou a carreira de ator e foi fazer coisa muito mais importante!
                Tamanho sucesso naquela época significava ser publicado em gibi, pois na ocasião as HQs eram um extensivo veículo de comunicação, com centenas de títulos sendo lançados & vendidos mensalmente nas bancas de todo o país, ao contrário dos dias de hoje quando as Histórias-em-Quadrinhos viraram alvo de grupinhos elitistas pedantes. E no mesmo ano de 1962 em que o seriado começou a ser transmitido, O Vigilante Rodoviário foi parar no gibi, que infelizmente teve pouca duração (perto de uma dezena de números e um almanaque). Curioso é descobrir, lendo este raríssimo Almanaque de O Vigilante Rodoviário lançado pela Editora Outubro, algumas excelentes HQs do personagem em robustas 96 páginas. Começa com O Falso Vigilante!, a mais longa do gibi, 32 páginas escritas por Gedeone Malagola e desenhadas por Osvaldo Talo, argentino radicado no Brasil (e conhecido pelos fãs dos super-heróis da HQB pelo Fantastic). Um ex-policial rodoviário usa da farda que não soube respeitar para acobertar crimes de seus comparsas. Claro que isso causa indignação geral na corporação, e Carlos Miranda não vai deixar por menos, perseguindo a quadrilha com muita coragem e astúcia – e com a mira calibradíssima, capaz de arrancar com um tiro o revólver do inimigo, tal como o melhor dos personagens do western. Talo ilustra mais duas HQs neste almanaque: em “O Caso Da Rua Espírita, 970”, Carlos até mesmo se disfarça de vendedor de melancias para desbaratar uma quadrilha de ladrões de jóias (não pensem que isso é totalmente ficção: soube por um amigo, que um colega de trabalho, também policial, disfarçou-se de lixeiro e prendeu três seqüestradores, salvando a vítima); e em “O Seqüestro” o Vigilante Rodoviário parte em busca de um garoto, filho de um engenheiro amigo seu, que havia sido seqüestrado por meliantes.
    Outro grande artista dos Quadrinhos Brasileiros passou pelas páginas de O Vigilante Rodoviário, de forma marcante, num estilo que por vezes lembra o célebre Frank Robbins autor do Johnny Hazzard: Flávio Colin, que tem duas HQs publicadas no referido almanaque: “ A História De Lobo!” conta como Lobo veio a ser criado por Miranda, e sua consagração ao salvar uma criança de um atropelamento (eu me lembro de ter visto este episódio na tv! Pode-se dizer que a HQ foi fielmente adaptada!); Colin também assina “Ladrões De Automóveis”, onde Carlos conta com a ajuda de um negrinho para prender outra quadrilha de assaltantes.
   Além de apreciar & desfrutar prazerosamente das histórias contidas nesta edição, uma leitura como esta nos provoca reflexões sobre as mudanças de hábitos e costumes ao longo dos anos. Um jovem leitor de hoje provavelmente estranharia as sossegadas baforadas que o herói solta tranquilamente de seu cigarro. O Vigilante Rodoviário era um fumante (ao menos nesta HQ) e esse péssimo hábito não o impediu de se tornar um herói da gurizada. E isso talvez não seja problema mesmo. Naquela época, talvez não se fumasse tanto quanto hoje, e talvez os cigarros não fossem tão nocivos na sua fabricação, como o são hoje em dia. As pessoas ainda não haviam se dado conta dos terríveis males da ingestão maciça de nicotina. Não importa se o herói fuma ou não. O que conta é o caráter, e isso o Vigilante tinha de sobra, sempre defendendo a gente boa contra bandidagem, sempre preocupado com a manutenção da ordem, interessado em ajudar as pessoas, procurando passar às crianças noções de civilidade. Sinal dos tempos, quando muito dos “heróis” dos quadrinhos de hoje não fumam mas são paranóicos, depravados, amorais, assassinos. Fica a lembrança de tempos menos violentos, quando havia muito menos automóveis e se morria menos nas estradas... tempos do Vigilante Rodoviário.

O HOMEM MICROSCÓPICO


A busca e a pesquisa pelos esquecidos personagens brasileiros do Quadrinhos do passado por vezes nos leva a descobertas surpreendentes, como é o caso deste gibizinho (17 cm x 12,5 cm) de 32 páginas em p&b que me foi presenteado pelo mestre & amigo Gedeone Malagola: O Homem Microscópico. Antes de mais nada, sempre que me deparo com edições como esta, procuro informações do autor e da época em que foi produzida. Na capa consta o selo “Editora Candia”, e no expediente da página 5 aparece o nome do diretor responsável, Mário R. Candia – a mesma assinatura que encontramos em várias das páginas do gibi, ou seja, o “chefão” é o autor das duas HQs desta revistinha. Ao lado de algumas dessas assinaturas, descobrimos o ano de produção (e provavelmente do lançamento): 1967. E a maior inspiração de Mário Candia para produzir esta divertida aventura de ficção-científica parece ser mesmo o filme Viagem Fantástica/ Fantastic Voyage, de Richard Fleischer, lançado nos cinemas um ano antes. 




De qualquer forma, o autor esbanja criatividade contando como um cientista, o dr. Arnoldo, em suas pesquisas buscando achar curas para moléstias diversas, encontra um micróbio de forma humanóide, que vai se tornar um valoroso aliado na missão do doutor. E já na segunda história, “Os Inimigos Rinálticos!”, o “monstrinho” (como o próprio doutor o chamou) ajuda um paciente com problemas nos rins. Curioso é que o mundo intra-humano, com células, glóbulos, veias, artérias, tem vida e sociedade própria, com exército e tribunais. Por isso o Homem Microscópico vive aventuras como se fosse Flash Gordon visitando estranhos planetas. Houve ao menos um segundo número com mais aventuras desse personagem, conforme me informa o amigo Worney Almeida de Souza, e acho que foi só, a pequena saga do Homem Microscópico na História dos personagens brasileiros dos Quadrinhos.

domingo, 20 de maio de 2012

ALEX & CRIS NA REVISTA CRÁS!

Algumas décadas atrás, quando a Editora Abril possuía um dinâmico e pujante estúdio de Histórias-em-Quadrinhos, não só a Turma da Mônica encontrava espaço nas bancas, mas outros tantos artistas brasileiros trabalhavam para e editora de Victor Civita, lançando interessantes publicações. O projeto mais ousado talvez tenha sido a revista Crás! (o título já apresentando óbvia referência a uma das mais conhecidas onomatopéias das HQs), o primeiro número lançado em fevereiro de 1974, formatão europeu, 64 páginas coloridas apresentando diversos artistas & variados personagens dos Quadrinhos brasileiros, como Renato Canini (e seu Kactus Kid); José Lanzelotti (Iara); Ivan Saidenberg e Nico Rosso (Vavavum); Waldir Igayara (Nina e Felisberto); Ruy Perotti (Satanésio); Jayme Cortez (Zodiako, no segundo número), Primaggio Mantovi (Cafuné & Acácio) entre outras tantas feras. Infelizmente o formato europeu vingou somente nas duas primeiras edições de Crás!, sendo que a partir do número 3 a publicação foi lançada em formatinho, ainda produzida integralmente por artistas brasileiros, mas mostrando somente personagens infantis - e desta forma ainda durou alguns bons números.

Abaixo segue uma HQ de personagens que foram grande destaque nos dois primeiros números de Crás!: Alex & Cris, escrita por Octaviano Ribeiro e ilustrada por Walmir Amaral de Oliveira, este gigantesco talento da HQ. Walmir Amaral de Oliveira é carioca do Méier, nascido em dezembro de 1939. Autodidata, começou a trabalhar na Rio Gráfica Editora (RGE) em 1957, destacando-se quando, findo o material do Black Rider nos EUA, e diante da necessidade de se manter esse título que era um dos mais rentáveis nas bancas brasileiras, foi encarregado de produzir HQs do Cavaleiro Negro. Além do herói mascarado do faroeste, nos 33 anos em que trabalhou para a editora de Roberto Marinho, Walmir produziu incontáveis capas e HQs dos mais famosos personagens, incluindo Sir Falcon/Águia Negra; Phantom Ranger/Cavaleiro Fantasma; Straight Arrow/Flecha Ligeira - e, como não poderia deixar de ser, os carros-chefe da RGE, aqueles criados por Lee Falk, The Phantom/Fantasma e Mandrake - sem falar nas belíssimas capas e ilustrações retratando clássicos personagens dos comics que Walmir produziu para o Gibi Semanal na década de 70 do século passado. Dentre os personagens brasileiros dos Quadrinhos, desenhou por muito tempo O Vingador e outro que se tornou um dos mais famosos hérois brasucas dos gibis: O Anjo. Enfim, não há quem tenha lido gibis nos anos 60 e 70, que não reconheça imediatamente o traço bonito & vigoroso de Walmir Amaral de Oliveira. Como vocês mesmo poderão conferir a seguir, nesta aventura de Alex & Cris publicada no primeiro número de Crás! pela Editora Abril. Alex & Cris formam um sexy casal de agentes secretos, enfrentando a bandidagem onde quer que se encontre. A inspiração parece mesmo The Seekers (no Brasil, Os Panteras), de John Michael Burns - curiosamente, o próprio Walmir Amaral desenharia uma capa para uma edição especial de The Seekers, no número 5 do Gibi Especial da RGE (setembro de 1975). E, certamente, se Octaviano e Walmir pudessem ter dado seqüência a Alex & Cris, alcançariam um nível tão bom quanto aquele alcançado pelo artista inglês.


 








NÁUFRAGOS DO ESPAÇO


As novas tecnologias para impressão gráfica desenvolvidas a partir de meados da década de 50 do século passado, e notadamente a partir da década seguinte, alcançaram também o mercado editorial brasileiro e possibilitaram a expansão de pequenas editoras, o que significou um número incalculável de gibis que foram lançados, a maioria como sempre de material estrangeiro, mas também muito material brasileiro, período em que despontaram das mentes e das mãos de artistas iluminados, múltiplos personagens inesquecíveis para os leitores da ocasião, e mesmo depois de tanto tempo ainda são objeto de admiração e estudo, ou mesmo de uma crônica descompromissada, como esta que vocês lêem agora. Editores, roteiristas e ilustradores brasileiros das HQs não perderam aquela “onda” e tiveram no período um campo aberto para mostrar e comercializar sua arte. Editoras nascidas em garagens ou fundos de quintais aos poucos foram ganhando estrutura e lançavam inúmeros títulos de circulação nacional. La Selva, Outubro-Continental, Gráfica e Editora Penteado (GEP) e Taíka são os nomes mais lembrados, cada uma delas merecendo uma pesquisa mais apurada, entre tantas outras como a paulistana Editora Roval de Salvador Bentivegna (ex-La Selva). Antes que passasse a se chamar Gorrion (que chegou até a publicar pioneiramente alguns personagens da Marvel no Brasil, Luke Cage, Linda Carter Enfermeira da Noite e se não me engano até o Conan), lançou este gibi dos Náufragos do Espaço, muito provavelmente nos primeiros anos da década de 1970. Totalmente produzido por Sérgio Carpanese, Náufragos do Espaço é uma história-em-quadrinho de ficção-científica primorosa, que merecia virar filme de cinema. O autor mescla com muito talento as influências européia e estadunidense e acaba criando um estilo muito peculiar, agradabilíssimo de se ver, enquanto vai narrando as peripécias de cinco aventureiros do espaço. Ninguém melhor do que o próprio Carpanese para contar a sinopse da HQ, logo no primeiro quadro: “Cinco terrestres naufragam em um planeta desconhecido. Seres sedentos de sangue, tribos humanóides e estranhos monstros vêm modificar-lhes a existência, fazendo-os viver a cada momento novos episódios, cheios de aventura”. Ao tratar sobre povos futuristas numa história fictícia, o autor demonstra conhecimento sobre os antigos povos da humanidade. Infelizmente ainda tenho pouca ou quase nenhuma informação sobre este gibi que é o número 1 de Os Náufragos do Espaço. Há pelo menos dois anúncios muito interessantes: o do próximo número da revista (será que saiu?), e de um outro título da Roval, também produzido por artista brasileiro: Jacob Wizard, O Feiticeiro, por Moacir Rodrigues. Será que chegou a ser lançado? Bem, a esperança é que outros caça-gibis mais experientes venham em meu socorro... (JS)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O VINGADOR

Houve um tempo em que os heróis mascarados do faroeste eram os mais populares nas bancas, não só nos EUA mas no Brasil também, onde personagens como Zorro/Lone Ranger, Cavaleiro Negro/Black Rider e Durango Kid eram os títulos mais vendidos, e suas aventuras, as mais apreciadas pelos leitores. Por todo o mundo surgiram personagens de Quadrinhos baseados nos grandes sucessos estadunidenses, e no Brasil não foi diferente, sendo que um deles merece nossa apreciação neste fanzine, pela inesperada repercussão que teve no passado: O Vingador. Lançado pela Editora Outubro em 1961, criação de Hélio Porto e ilustrado inicialmente por Walmir Amaral de Oliveira (capa do primeiro número desenhada por Jayme Cortez), O Vingador teve 40 números, além de almanaques e histórias publicadas em gibis de outros personagens. A Editora Outubro publicou-o até 1966, sendo que, a partir de 1972, foi relançado pela Editora Taíka (que na verdade, republicou as antigas aventuras do herói), durando mais 20 números e alguns almanaques.


Além de Hélio Porto, O Vingador teve histórias escritas por Helena Fonseca e Gedeone Malagola; alguns de seus ilustradores também foram responsáveis pelos roteiros, como por exemplo Walmir Amaral, Osvaldo Talo e Miguel Lima. Outros que desenharam o herói mascarado foram Ernesto Capobianco, Juarez Odilon, Edmundo Ridrigues, Nico Rosso, Lyrio Aragão, Fernando de Lisboa e José Delbó (o argentino que posteriormente trabalharia nos EUA desenhando famosos personagens dos Quadrinhos, tais como Turok e Lone Ranger para a Gold Key, bem como a Mulher Maravilha/Wonder Woman e o Superman para a DC Comics). Além de Jayme Cortez, Sérgio Lima e Rodolfo Zalla também produziram capas para O Vingador.

Como era baseado em personagens dos comics de faroeste norte-americano, a origem do Vingador não poderia fugir muito disso: Nelson Coston é um jovem que tem o pai covardemente assassinado e que, após conseguir sua vingança, torna-se cavaleiro errante das pradarias. Certo dia, salva um velhinho de uma baita enrascada - e o tal velhinho era ninguém menos do que o Vingador original que, sentindo o peso dos anos, repassa sua máscara para Nelson. Diferente do Lone Ranger que não tira a máscara nem para dormir, mas semelhante ao Cavaleiro Negro e ao Durango Kid, Nelson torna-se a identidade secreta do renovado Vingador. A respeito daquele “velhinho” que foi salvo por Nelson, lembremo-nos de que antes deste Vingador de Hélio Porto & Valmir Amaral, a HQB já registrara, duas décadas antes, outro caubói mascarado homônimo, com histórias escritas por Péricles do Amaral (o memorável autor do Capitão Atlas) e desenhado por Fernando Dias da Silva - e tudo indica que talvez esta tenha sido a referência para a origem do Vingador da Editora Continental. Posteriormente, nos primeiros anos da década de 80 do século passado, outro Vingador mascarado do velho oeste cavalgou nas páginas dos gibis, desta feita para a editora paranaense Grafipar/Bico de Pena, em histórias criadas por Franco de Rosa.

TAMBU & KOREME

Dentre os mais imitados personagens dos comics, certamente está o Tarzan de Edgar Rice Burroughs. Nos EUA houve um plágio de ótima qualidade, Kaänga (Kionga, no Brasil), que chegou a ser ilustrado por um dos desenhistas do Tarzan, John Celardo. No Brasil o mais famoso “clone” do Rei das Selvas é Targo, publicado com sucesso em nosso mercado editorial nos anos 60 e 70 do século passado, em várias revistas e almanaques, tendo sido desenhado por mestres como Nico Rosso e Rodolfo Zalla. Além de Targo podemos citar Tarun (Paulo I. Fukue) e Hur (Wilson Fernandes). Mas, antecedendo a todos esses, tivemos Tambu, O Herói das Selvas, produzido por Gedeone Malagola por volta de 1952 para a Editora Júpiter. Quem nos fala sobre isso é o próprio Gedeone: “quando a Júpiter comprou [os direitos] de algumas revistas americanas, veio o Kaänga , do qual tínhamos autorização para publicar com outro nome. Então surgiu Tambu. Entre algumas práticas lamentáveis resultantes da pouca experiência editorial da época, houve as deformações das páginas originais, por motivos de economia, além da grafia incorreta do nome do personagem, pois Tambu não tem acento!”






Também outra personagem dos comics, a conhecida Sheena A Rainha das Selvas acabou causando furor e gerando diversas imitações em todos os países onde existisse gibis (uma popularidade que perdeu e ainda não conseguiu recuperar). Gedeone Malagola, no digno laboratório de HQs que se tornou a Editora Júpiter, criou também uma "Sheena" brazuca: Koreme, aparecia em aventuras solo ou ao lado de Tambú. (JS)

domingo, 3 de julho de 2011

CAPITÃO ATLAS

Baseado em programa radiofônico criado por Péricles do Amaral, o Capitão Atlas veio a tornar-se o primeiro herói brasileiro dos Quadrinhos a ganhar gibi próprio, lançado em 28 de fevereiro de 1951 pela Editora Ayroza. Esta primeira fase das aventuras do Capitão Atlas em Quadrinhos durou 24 números, com roteiros do próprio criador Péricles do Amaral (escritor talentoso e muito criativo), tendo desenhistas como Vasquez, Luiz (de quem não conseguimos maiores informações), além de Fernando Dias da Silva e André Le Blanc - este último mais conhecido entre os estudiosos dos comics, de origem haitiana radicado no Brasil, artista muito profícuo da Editora Brasil América Ltda. (Ebal) de Adolfo Aizen, posteriormente Le Blanc trabalhou nos EUA, tornando-se assistente de Al Capp, o célebre autor do Ferdinando/ L’il Abner. A popularidade do Capitão Atlas não se restringiu ao rádio e aos Quadrinhos, tendo também ganho sua versão para a televisão, em seriado exibido pela TV Rio - evidentemente nenhum registro deste programa de tv chegou até os dias de hoje, como o de nenhum outro dos primórdios da televisão brasileira.


A partir de 1959, as aventuras do Capitão Atlas em Quadrinhos ganharam nova série de gibis através da Editora Garimar (também do Rio de Janeiro). As mesmas histórias produzidas na Editora Ayroza ganharam novas versões, mais detalhadas, agora pelas mãos de artistas talentosos como Getúlio Delphin, Ernesto Garcia e Fernando de Lisboa. Esta nova série durou 12 números. E a popularidade do Capitão Atlas ainda persistiu por alguns anos, sendo que a mesma Editora Garimar tentou uma nova série de aventuras com o herói das selvas brasileiras, a partir de junho de 1966. Parece que nesta 3ª. fase foram reeditadas as histórias publicadas pela Garimar anteriormente. Tenho o primeiro número desta 3ª. fase do Capitão Atlas (a 2ª. pela Garimar), que me foi presenteado pelo saudoso amigo & parceiro Gedeone Malagola, onde consta a história “No Reino Do Dr. Ignátis”, publicada originalmente no número 2 da Editora Ayroza (com desenhos de Luiz), mas neste gibi cuja capa vos apresentei há pouco, a HQ interna é assinada por Getúlio Delphin, e que muito provavelmente já havia sido publicada na 1ª fase da Garimar.

A inspiração do CapitãoAtlas é o Jim das Selvas/Jungle Jim, de Alex Raymond. Atlas vive suas aventuras nas florestas ao lado de seus companheiros Chico (um índio), Tunicão (um cangaceiro), do jovem Quati e de sua namorada, Rainha. As histórias mesclam os gêneros de aventura na selva com ficção científica, e até mesmo uma pontinha de terror-suspense, notabilizando a criatividade do autor Péricles do Amaral. (JS) fontes de pesquisa: Fã Zine de José Eduardo Cimo e O Castelo de Recordações de José Magnago.